Igreja e política
Por Marcus Vinícius
Quero reafirmar meu compromisso de fazer política
partidária comprometida com a ética do Novo Testamento, política sempre feita
em prol da população e nunca em favorecimento de famílias ou grupos políticos.
A diversidade é uma das marcas mais caras que se tem na cultura evangélica. Não
podemos encarar as comunidades evangélicas como únicas. São muitas e variadas,
não cabemos em nenhuma camisa de força interpretativa, daí a dificuldade de se
dialogar com os evangélicos, por não se saber com quem falar pela falta de uma
hierarquia. Quem diz que fala por eles,
está blefando. Igrejas há que lançam candidatos “oficiais”, com papel timbrado
e tudo, em prejuízo do membro que pensa diferente. Entendo que Igreja e pastor
não devem se envolver em questões políticas partidárias, sob pena de provocar
dissabores entre seus membros, que estão distribuídos entre os vários segmentos
partidários.
Trago, então, dez teses para reflexão de quem busca uma
maturidade espiritual, visto que em momentos como os que estamos passando
(político), alguns são acometidos da “síndrome de Satanás”, ou seja, é nesta
ocasião, de eleições, que nos tornamos mais facilmente corruptos, corruptores e
corrompidos. Ei-las:
- Repudio toda e qualquer tentativa de utilização do
texto sagrado visando à manipulação e ao domínio do povo que,
sinceramente, deseja seguir a Deus. (2 Pe.1:20)
- Que sejamos livres para “examinarmos tudo e
retermos o que é bom”, sem que líderes manipuladores tentem impor seus
preconceitos, principalmente na forma de intimidações. Que nenhum líder
use o jargão “Deus me falou” como forma de amedrontar qualquer um que ouse
questionar suas ideias. (1Ts 5:21)
- Nenhum pastor é inquestionável. Tudo deve ser
conferido conforme as Escrituras. Nenhum homem possui a “patente” de Deus
para as suas próprias palavras. Nenhum pastor deve se utilizar do
versículo bíblico “não toqueis no meu ungido”, retirando-o do contexto,
para tornarem-se inquestionáveis e isentos de responsabilidade por aquilo
que falam e fazem no comando de suas igrejas. Estamos livres para, com base na Bíblia,
questionarmos qualquer palavra que não esteja de acordo com ela. (At.
17:11; Ez.34:2; 1 Cor.16:22 )
- Rejeito a ideia do messianismo político, que afirma
que o Brasil só será transformado quando um “justo” (que na linguagem das
igrejas significa um membro de igreja evangélica) dominar sobre esta
terra. O papel de transformação da sociedade, pelos princípios cristãos,
cabe à Igreja e não ao Estado. O versículo bíblico “Feliz é a nação cujo
Deus é o Senhor”, não deve ser interpretado sob os olhares políticos e nem
ser utilizado para favorecer candidatos que se arroguem como cristãos. O
Reino de Deus não é deste mundo, e lamentamos a manipulação e ambição de
alguns líderes evangélicos pelo poder terreal. Que a cruz de Cristo, e não
o seu trono seja o centro de nossa pregação. (Jo. 18:36; 1Cor.2:2;
Sl.144:15)
- Que os púlpitos não sejam transformados em
palanques eleitorais em épocas de eleição. Que nenhum pastor induza o seu
rebanho a votar neste ou naquele candidato por ser de sua preferência ou
interesse pessoal. Que haja liberdade de pensamento e ideologia política
entre o rebanho. (Gl.1:10)
- Que as igrejas recusem ajuda financeira ou
estrutural de políticos em épocas de campanha política a fim de zelarem
pela coerência e liberdade do evangelho. Lembro também que tal ato
constitui crime eleitoral, violando assim, a lei de Deus e dos homens.
(Ez. 13: 19)
- Que os membros das igrejas cobrem esta atitude
honrada de seus líderes. Caso contrário, rejeitem a recomendação
perniciosa de sua liderança. (Gl.2:11)
- Nego, veementemente, no âmbito político, qualquer
entidade que se diga porta-voz dos evangélicos. Nós, cristãos evangélicos,
somos livres em nossas ideologias políticas, não tendo nenhuma obrigação
com qualquer partido político ou organização que se passe por nossos
representantes. (Mt. 22:21)
- Repugno veementemente os chamados “showmícios” com
artistas evangélicos. Entendo ser uma afronta ao verdadeiro sentido do
louvor a participação desses músicos entoando hinos de “louvor a Deus” para
angariarem votos para seus candidatos. (Ex. 20:7)
- Entendo que, a ditadura, inclusive a
eclesiástica, é uma castração da cidadania, impede o crescimento da
consciência política e infantiliza o crente (Rom.13:1; Pv.29:12).
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O autor
“O pior sentimento é achar que nada vale a pena”.
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